16 de out. de 2012

Dejavu

Veio de Ulisses a primeira impressão sobre Clarisse, e veio de Clarisse a primeira palavra da manhã.
E Clarice notou que em Ulisses, seus cabelos acordaram mais brancos que a noite passada.
Noites brancas, eram as noites de lua cheia, quando deixavam-se perder na sensação da falta do tempo e olhavam o céu juntos, medindo a temperatura das estrelas no céu.
Ele pensou em levantar-se, ignorando o frio da manhã, e sentir o carpete sob os pés. Clarisse, em abrigo sob o pesado cobertor, desistiu de advertí-lo sobre isso e apenas esperou que seu espírito move-se seu corpo através do tempo e do espaço, e lhe colocasse em movimento.
Notaram-se no olhar que estavam partindo, feito rastro de nave prateada acima das nuvens, alto, lá no plano azul, deixando o rastro branco, marcando o caminho e dividindo o céu ao meio.
E a impressão de Ulisses, de que Clarice estava mais jovem que a noite mais branca, o deixou tranquilo. E Clarisse, na impressão de que tudo aquilo não passava de uma porta que se tinha que abrir, abriu.
E já era noite branca, com milhares de temperaturas piscando no céu.
E Ulisses despediu-se de Clarice, mas só até o próximo amanhecer, com cabelos negros e ralos, sem entender que o que tinha nas mãos era a vida, e que durante um tempo, teria de esperar.
E despediu-se Clarisse, mas só até a próxima estrela vermelha surgir, e a noite branca lembrar aos dois que já houve outras noites como aquela.

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