21 de dez. de 2012

CAPÍTULO I

"É Natal"

Nasci no natal, precisamente no dia vinte e quatro de dezembro de mil novecentos e setenta e quatro. E não estou dizendo aqui que foi minha mãe quem disse. Me lembro desse dia porque a enfermeira que me levou para fora da sala de cirurgia, vestia um gorro vermelho de papai noel. Lembro também de sentir suas mãos frias me tirando do colo de minha mãe, e depois, mais duas portas se abriram e fecharam antes que eu chegasse ao berçário.
Não é estranho para mim, lembrar de todos os fatos e momentos de minha existência, mas isto assombra muitas pessoas com quem falo. Particularmente, nascer no natal é um saco, ninguém lembra do seu aniversário. Contudo, isso já é passado para mim, hoje até agradeço esquecerem.
Tudo que pude ver quando saí da sala de cirurgia, foi um corredor branco, com paredes igualmente brancas. Senti um arrepio estranho nessa hora, e percebi o quanto era diferente o lado de fora da barriga de minha mãe. Era frio, e a sensação não era só essa, sentia também um tipo de dor que não era dor, mas que doía. E nas horas seguintes fui submetido a vários procedimentos que prefiro não falar. No fim, enrolado em cobertores macios, senti novamente o antigo calor maternal que me abrigava antes do nascimento. Ouvi choros e percebi que não estava sozinho. E devo registrar aqui que, do momento em que saí de dentro de minha mãe, até a saída do hospital, não chorei nenhuma vez!

20 de dez. de 2012

PRÓLOGO

"Os tomates na horta, o vôo das auraucárias e o jardim de ardósias"


Não fosse aquela, uma manhã de sábado, e os tomates na horta não estivessem brilhando feito um prisma ao sol, não acreditaria no que meus olhos viam. Ardósias, lindas ardósias florescendo no quintal do vizinho. Esperei o ano inteiro para ver isso. Ardósias são as minhas favoritas. De todas as cores, enchiam o jardim. As araucárias sobrevoavam a rua e vinham pousar nelas.
Essa visão da minha infância nunca me saiu da cabeça, e hoje, aqui no meu leito de morte, me lembro como se fosse hoje. Aliás, lembro-me de cada minuto e cada fato de minha existência desde meu nascimento até hoje. E tudo começou exatamente assim...

13 de dez. de 2012

Texto adaptado #5

É difícil acreditar, embora seja mais prudente aceitar, do que, simplesmente, tentar destituir de veracidade o fato de que nem tudo que parece na verdade é. Ou seja, ver não é enxergar, ouvir não é escutar, ter não é possuir... e assim por diante numa cadeia incansável de acontecimentos distintos, porém muito próximos daquilo que se assemelha, sem nunca se igualar.
Dito isto, o fato é que a imagem abaixo fala por si só, e derruba toda a introdução metafísica preambúlica!

5 de dez. de 2012

De volta...

Vou resumir em poucas palavras: muita preguiça e vagabundagem!