10 de ago. de 2012

Encontro marcado

         Nos conhecemos pela internet, e combinamos de nos encontrar naquele dia. Fiquei imaginando como ela seria: alta, morena, cabelos compridos, olhos azuis, coxas grossas; gostosa pra caralho. Sim, porque não sou de esperar pelo pior.
         Aquela surpresa me excitava e no caminho até sua casa fiquei imaginando muitas coisas. A gente se encontraria no prédio dela, e iríamos andar pela orla da praia, depois um restaurante e no final um motelzinho.
         Cheguei ao prédio e toquei o interfone, já tava excitado. Eu só pensava: tomara que seja linda, solteira, gostosa e more sozinha.
         Do outro lado do interfone ouvi um cachorro latindo desesperadamente e uma criança chorando, e no meio de toda aquela zorra, uma voz rouca gritando mais alto ainda:
- Quem é?
         Fiquei fudido e mudo enquanto ela não parava de repetir.
         - Quem é? Tem alguém aí? Fala logo que eu to ocupada!
O que eu falo agora, caralho...surtei!
         - É o gás. – puta que pariu, não saiu coisa melhor.
         - O gás? Essa hora? – bom, até eu ia desconfiar.
         - É um serviço especial de entrega. – piorou agora, pensei.
         - Mas eu não pedi gás. – e a voz saiu fina e rachada.
         - Ok. É que nós estamos passando para verificar se está tudo bem.
         - Bem? Claro que está. Por que não estaria? Mas que pergunta é essa? Caralho cara, to ocupada, e não quero porra de gás nenhum.
         - Então ta minha senhora, qualquer coisa liga para nossa empresa e a gente entrega a qualquer hora.
         - Eu não preciso de gás, meu prédio tem encanado, afff!.
         Bom! Agora a vaca foi pro brejo mesmo, pensei.
Tentei disfarçar, mas não dava pra disfarçar coisa nenhuma, mesmo assim saiu essa pérola:
         - Mas é gás combustível. – eu virei e ri!
         - Mas eu não tenho carro. Some daqui seu palhaço ou vou chamar a polícia pra te dar uma surra.
         E ouvi, de novo, ela pedir aos berros para a criança e o cachorro se calarem.
         - Então tá minha senhora, acho que foi engano. – eu já tinha desistido mesmo. Foda-se, pensei, vou embora.
         - É. Acho que foi mesmo.
         - Então até logo! – Não me perguntei porque, depois disso tudo, eu ainda me despedi dela.
         - Espere aí. Você entende de encanamento?
         - Não senhora, a empresa apenas entrega gás.
         - Eu tava precisando de um cara aqui pra arrumar a descarga do banheiro.
         Bom, eu já tinha perdido o encontro, então pensei na grana. Por que não? Eu já tinha perdido minha noite mesmo, e eu entendia um pouco de hidráulica. Resolvi subir.
         Quando a porta abriu, vi uma morena escultural, alta, de cabelos compridos, olhos azuis, coxas grossas, e gostosa pra caralho. Só a voz não combinava.
         - Oi – disse, gaguejando e olhando pros peitões dela.
         - Oi. Você pode vir por aqui. – ela virou aquela bunda pra mim e foi indo pra dentro do apartamento.
         Ela me levou até o banheiro para arrumar a hidra. Eu tava com tanto tesão que tive de enfiar a mão no bolso pra disfarçar. Depois de quinze minutos tava cheirando igual urubu morto, ela me olhando com nojo com a criança no colo, e o cachorro cheirando minhas pernas. Me senti o cara mais imbecil do mundo, mas valia pela grana que eu ia cobrar.
         - É sua filha? – perguntei.
         - Não! De jeito nenhum. A porra da minha vizinha saiu à tarde e deixou a filha dela e esse cachorro dos infernos aqui pra eu tomar conta e ainda não voltou, e pra piorar tenho um encontro que eu marquei pela internet com uma cara que ainda não chegou. Ta atrasado o imbecil. Eu detesto esperar e...

Um comentário:

Solange Gomes disse...

Isso que dá tirar conclusões precipitadas. E pensar que tem pessoas assim, nossa!!! Medooo...